Em seus versos, Tracy K. Smith tanto pode plasmar o inusitado momento em que um cervo atravessa o asfalto, paralisando todo o tráfego; ou a expertise de uma pedinte em pleno Pelourinho, em Salvador (BA). Trata-se de uma poética de voz própria, fundada na confluência da expansão e da contenção, numa abordagem criativa, enriquecida por questões transversais, sem queixumes ou derramamentos excessivos. Ao invés disso, recolhe com esmero estético as sutilezas dos pequenos gestos cotidianos. Em Tracy K. Smith, ergue-se uma estrutura verbal de alta voltagem: belezas e conflitos humanos conjugados, sem exibir costuras teóricas. Neste seu Uma fome tão afiada, seleta extraída do curso de toda a sua obra, o leitor brasileiro poderá fruir o talento visceral desta instigante autora, que se contenta em ser plenamente poeta, na melhor tecelagem de suas múltiplas cores. Tracy K. Smith nasceu em Massachusetts e foi criada no norte da Califórnia. Ela obteve um bacharelado pela Universidade de Harvard e um mestrado em escrita criativa pela Universidade de Columbia. Ela leciona na Universidade de Harvard, onde é professora de inglês e de estudos africanos e afro-americanos. Smith é autora de quatro livros de poesia: The Body's Question (2003), que ganhou o prêmio Cave Canem de melhor primeiro livro de um poeta afro-americano; Duende (2007), vencedor do Prêmio James Laughlin e do Prêmio Literário Essense; Life on Mars (2011), vencedor do Prêmio Pulitzer de Poesia; e Wade in the Water (2018). Ela também escreveu um livro de memórias, Ordinary Light (2015), que foi finalista do National Book Award em não-ficção.