Aqueles a quem se dirige este livro se sentirão convocados à escuta ou não o lerão. Convocados a passar às suas posições. Frente ao outro, aos outros. Os leitores deste livro ocupam um espaço da escuta no inferno. De forma afetuosa e ritmada. No ritmo de chumbo da vida. Ao encontro. O texto do presente livro toma parte nas letras, nas capas e nas atitudes do grupo Racionais MC’s, nos intertextos, na metalinguagem e na metaescuta dessas atitudes, pautando-se não apenas em conceitos criminológicos, jurídicos ou sociológicos, científicos ou dados, enfim, mas tomando parte na expressão dos próprios afetos sociais, quando transbordam a língua em relação ao trabalho de luto do crime; no amor, por exemplo, mostrando-se como acontecimento que extrapola a autoconservação, no texto e fora dele, intervalando assim o movimento do espírito do mundo quando se trata de racionalizar o sofrimento do outro. O amor, indeterminado. Catalise-se isso no texto. Fora dele. Emaranhamento de escutas. Aos presentes a memória dos ausentes. É um dos momentos nos quais Linck aponta, literalmente, para uma forma de compromisso ético. E o compromisso ético decorrente do extermínio é único. Alexandre Costi Pandolfo Doutor em Letras/Teorias Críticas da Literatura (PUCRS, 2016), atuando como bolsista do CNPq. Formado em Ciências Jurídicas e Sociais (PUCRS, 2007), tendo sido bolsista do PIBIC/CNPq e organizado a publicação de dois livros sobre Direito e Literatura. Mestre em Criminologia e Controle Social (PUCRS, 2010, bolsista CAPES), tendo desenvolvido pesquisa sobre violência e literatura. Durante o doutorado realizou período de intercâmbio na Humboldt-Universität zu Berlin como bolsista do PDSE/CAPES. Em 2016 foi pesquisador de Pós-Doutorado no PPG Letras da UFPel, como bolsista PNPD/CAPES. Atualmente é pesquisador de Pós-Doutorado no PPG Literatura da UFSC, também como bolsista PNPD/CAPES. Atua, estuda e pesquisa em Estética e Filosofia da arte; Teoria literária, Literatura brasileira, Literatura ocidental e Literatura comparada; Arte e intervenções urbanas; Crítica à violência, ao Estado e ao Poder punitivo.